Somos seres plurais

A importância de aceitarmos todas as nossas versões

Rachel Schatz

12/29/20232 min read

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Recentemente, em uma sessão com um paciente muito querido (o qual me deu total permissão para mencioná-lo aqui), surgiu um tema muito relevante e que merece uma profunda reflexão.

Este paciente trouxe à sessão um evento que aconteceu durante a festa de fim de ano da empresa na qual trabalha: um dos diretores da empresa (chefe da sua chefe), quem sempre está vestido de social e tem uma postura extremamente profissional, se apresentou durante a festa tocando bateria e vestido como um roqueiro punk. Meu paciente relatou que ficou chocado em um primeiro momento, pois nunca imaginou que este diretor tivesse tal gosto e habilidade, mas logo em seguida o admirou ainda mais, não apenas pelo seu talento musical mas também pela coragem de mostrar esta faceta para toda a empresa, tanto aqueles que estão sob sua direção quanto para seus superiores.

Depois de compartilhada a história, entramos nós em uma profunda reflexão sobre as diferentes facetas que todos temos e a importância de aceitá-las e respeitá-las, pois são elas, em sua totalidade, que formam nossa identidade. Muitas vezes nos deparamos com situações que nos fazer questionar parte de nossa identidade, e este questionamento normalmente vem acompanhado de fortes sentimentos de angústia. Estas situações podem ocorrem nos ambientes familiares, ou de trabalho, e até mesmo em uma conversa entre amigos. O que fazer nestas horas?

Obviamente não precisamos compartilhar individualidades nossas com aqueles que não nos fazem sentir confortáveis ou mesmo em ambientes onde algo pode não ser aceito. Entretanto é importante saber separar o que é a interpretação (ou até mesmo o preconceito) do outro para que estas falas e comportamentos não invalidem ou diminuam aquilo que somos. Nos apropriarmos de todas as nossas facetas e nos sentirmos confortáveis com elas é um passo extremamente importante para mantermos em equilíbrio nossa saúde mental. 

Às vezes identificar algumas destas facetas pode ser uma tarefa complicada. Seja por termos crescido em um ambiente hostil e que não permitiu o desenvolvimento delas, seja por não termos tido a possibilidade de refletir e assimilar o que certos comportamentos e pensamentos significam, entre outros fatores mais. De qualquer maneira, nunca é tarde para nos questionarmos o que realmente somos em nossa totalidade e qual parte de nós está disponível para ser compartilhada com os outros.

Por uma psicoterapeuta que também é cozinheira e atleta amadora.