A Mulher do Expatriado
Esta escolha também foi minha?
Muitas vezes a vida nos leva a caminhos que nunca sonhamos. A lugares que nunca imaginamos estar. A fazer escolhas que não parecem nossas.
A vida do imigrante nunca é simples e livre de desafios; normalmente é acompanhada de questões burocráticas que parecem impossíveis de se resolver, de dificuldades de adaptação que antes pareciam não existir, além de outras coisas mais que cada um experencia à sua maneira.
Estas dificuldades parecem ainda maiores para aquelas pessoas que decidem mudar de país - ou de estado, ou de cidade - , não por um desejo próprio ou por uma oportunidade individual, mas sim por um desejo ou oportunidade do cônjuge.
(Acho importante um esclarecimento: o título deste texto faz referência às mulheres dos expatriados por dois motivos: 1 - minha identificação pessoal com este lugar ocupado pela esposa; 2 - pela maioria absoluta em que vemos mulheres nesta situação se comparada aos homens. Mas obviamente, o texto também é dedicado a homens que se encontram na mesma situação.)
Por diferentes motivos, milhares de pessoas se veem, de repente, em um novo país, com uma nova cultura e um novo idioma, sem que a simples ideia de mudança tenha antes passado pela sua cabeça. Seja por um desejo antigo do cônjuge de ter uma experiência no exterior, ou por uma oportunidade profissional irrecusável, casais e famílias cruzam oceanos e iniciam uma nova jornada no desconhecido. Jornada esta que pode ser repleta de angústias, medos e frustrações.
O que já observei nos anos de experiência com imigrantes, principalmente os que se encontram nesta situação específica de "acompanhante", é que existe um rompimento com a própria identidade, o que causa muita angústia e sofrimento. Este rompimento vem muitas vezes da dificuldade de exercer, por exemplo, a própria profissão, perdendo então parte de sua identidade profissional. A distância de amigos próximos e familiares também contribuem para esta sensação, pois a rotina que estávamos acostumados a ter perto destas pessoas não existe mais, sendo muitas vezes substituídos por dias solitários em que passamos na nossa própria companhia.
O idioma também é um fator chave: como criar vínculos em um novo local sem falar a língua daqueles que ali vivem? Não à toa se observa que os círculos de amizades dos expatriados é composto majoritariamente por outros imigrantes originários do mesmo país.
A vida no exterior sempre vai ser desafiadora, e muitas vezes a expectativa (positiva) que criamos dificulta ainda mais a percepção da real dificuldade deste processo. Mas ao mesmo tempo, a experiência de migração é extremamente enriquecedora e pode nos tornar seres mais flexíveis e resilientes. Depois de internalizada, a situação pode ser vista como uma nova oportunidade, para não só termos a completude que tínhamos antes da mudança, mas também para reconhecermos a importância de cada aspecto de nossa identidade na nossa vida cotidiana. A partir de então, é possível atuar para que esta nova vida seja muito proveitosa e repleta de experiências positivas!
Se você se identificou com o texto e percebe que sozinho(a) terá dificuldades de passar pelo processo de adaptação, entre em contato conosco que ficaremos felizes em ajudar.
por Rachel Schatz